segunda-feira, 29 de junho de 2015

PM humaniza atendimento a vítimas de violência doméstica e reduz crimes


PM humaniza atendimento a vítimas de violência doméstica e reduz crimes
Humanizar a assistência às mulheres em situação de violência doméstica foi a saída encontrada para diminuir o número de casos de agressão atendidos pela Polícia Militar. O Serviço de Prevenção à Violência Doméstica é desenvolvido há cinco anos por militares do 1º Batalhão, em Belo Horizonte.
Somente nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014, houve queda de 7, 8% nesse tipo de ocorrência dentro da área de responsabilidade da unidade, no perímetro da avenida do Contorno.
Todas as vítimas desse tipo de violência recebem a visita do grupo depois de comunicar a agressão. “Percebemos que era necessário um monitoramento após o registro da ocorrência. Até mesmo para que a situação não voltasse a acontecer”, explica a coordenadora do serviço, sargento Sônia Gomes Oliveira Ambrósio.
De segunda a sexta-feira, uma equipe composta por dois militares – sempre um homem e uma mulher – realizam visitas para vítimas e agressores. “As visitas quebram o ciclo de violência. Ouvimos a família, vemos de perto a realidade e fazemos uma avaliação de risco da vítima”, reforça a sargento Sônia.
EXPERIÊNCIAS
Há dois meses, a vendedora Luciana Ferreira, de 31 anos, é acompanhada por uma equipe de militares. Uma briga com o namorado foi suficiente para o pedido de ajuda. “As ameaças pararam quando a PM solicitou uma medida protetiva. Eu não sentia vontade em procurar uma delegacia. Tive o apoio que precisava”, conta.
Problemas na administração na empresa de panificação transformaram a vida conjugal da comerciante Aline*, de 41 anos. Após sofrer calada por cinco meses, ela procurou ajuda. “Não saia mais de casa. Vivia acuada. Meu maior medo era perder o meu marido”.
O resgate do casamento aconteceu depois do acompanhamento dos militares. “Não esqueço a primeira visita. Meu marido desabou a chorar. Ele sabia que estava agindo errado, mas também precisava de ajuda”, revela.
Há dois anos Aline comemora a atuação da polícia e garante que a ajuda humanizada estimula a denuncia e garante a segurança dos envolvidos. “Não queria separar e tive a ajuda que precisava no momento certo”.
Diferença
As visitas dos policiais aos autores das agressões são mais frequentes e ocorrem sem agendamento. Os agentes podem encaminhar o suspeito para assistência psicológica ou até acionar a Justiça para garantir a segurança das vítimas.
Para especialistas, acompanhamento diferenciado estimula denúncias de maus-tratos
O acompanhamento da PM após o registro de ocorrência é avaliado de forma positiva por especialistas. “Esse tipo de atendimento faz com que à vítima tenha segurança para denunciar e por fim ao ciclo de violência”, explica a pesquisadora em Violência Contra Mulher do Conselho Regional de Psicologia e mestre em psicologia da PUC Minas, Letícia Gonçalves.
A pesquisadora reforça que o treinamento dos profissionais envolvidos é essencial para uma abordagem eficaz. “Profissionais têm que ser qualificados, não julgar nem a vítima nem o agressor e saber avaliar a real necessidade dos envolvidos”.
A professora do curso de psicologia do Centro Universitário Una, Simone Francisca de Oliveira, frisa que a assistência especializada é um direito da mulher. “É preciso priorizar uma equipe multidisciplinar com médicos, psicólogos, juristas e policiais que saibam, de fato, prestar o serviço de qualidade”.
Para a Polícia Militar, a principal dificuldade durante as visitas está na dependência que as mulheres, em situação de violência, tem por alguns agressores. “Algumas não trabalham e têm medo de deixar os filhos desamparados, caso venha ter a separação”, explica a soldado Gabriela Ferreira Bento.
*Nome fictício para não identificar a vítima.

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