segunda-feira, 17 de junho de 2013

ARTIGO: NÃO É COISA PARA MENOSCABAR - Temos uma outonal primavera à brasileira?






As atenções da semana que começa estão voltadas para os desdobramentos das cenas que surpreenderam o país nos últimos dias. Os protestos de rua vão continuar, é a pergunta que muita gente se tem feito -- ainda em meio às tentativas de entender de onde vem esse surto de rebeldia. Os palpiteiros de sempre tascam suas certezas de que, ora viva!, o brasileiro enfim deixa a sua bovina apatia em relação aos governantes. 
A reivindicação-base do Movimento Passe Livre (MPL) beira à ingenuidade, porque não é possível supor que a totalidade da sociedade vá concordar em bancar transporte público gratuito como se reivindica. Mas a semana não foi só de protestos contra as passagens. Teve também as manifestações contra os gastos superfaturados nas obras para a Copa do Mundo (na foto, manifestação aqui em Brasília). 
Os políticos com mandato devem mesmo por as barbas de molho para a possibilidade de uma primavera à brasileira – ainda que tardia. Razões para isso certamente não há de faltar, porque há mesmo fadiga histórica de material com a corrupção e incompetência que, somadas, resultam em serviços públicos de péssima qualidade – saúde, educação e, claro, o transporte público que agora é o estopim de cenas de guerra nas ruas de várias capitais e cidades médias do país. 
Exceto pela oferta de ajuda ao governo de São Paulo, o governo federal está na muda com o tema. Se os protestos resultarem em redução do preço das passagens, o governo central até sai no lucro com o impacto positivo no momentâneo desembesto inflacionário. Mas não é o caso de achar que há vencidos e vencedores nos tristes episódios que roubaram a cena na semana que o país buscava autoafirmação com a abertura da Copa das Confederações. 
Quem arca com o maior prejuízo político até aqui é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e a imperícia da sua polícia que atira primeiro para só perguntar depois. Alckmin é candidato à reeleição, mas há tempo de sobra para que a tensão se dilua e tudo caia no esquecimento.

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